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Escrito por: Promove

Quando: 27 de agosto de 2025

Governança de TI na prática: do caos à excelência operacional

A governança de TI é a principal responsável por alinhar tecnologia aos objetivos de negócio, garantir conformidade com normas e reduzir riscos operacionais. Envolve direção, gerenciamento, controle, priorização de investimentos, geração de valor, accountability, entre outros. Neste artigo, daremos foco nos frameworks que sustentam essa estrutura e apoiam a implementação da governança de TI nas organizações.

Ter governança adequada das atividades de TI torna-se extremamente relevante, em um cenário marcado pela ineficiência de processos, riscos cibernéticos e crescente pressão regulatória, dentre outros. Não é incomum encontrarmos registros de organizações que não possuem a visibilidade adequada da performance de seus colaboradores, não possuem uma ideia clara dos prazos e custos para a entrega de valor a seus clientes, insatisfação do cliente com a agilidade das entregas e insatisfações internas das equipes pela carga de trabalho e constantes quebras de planejamento. Nessas condições, a gestão estruturada de TI é o caminho para reduzir prejuízos, evitar a perda de confiança e assegurar a continuidade das operações.

Este texto apresenta os principais frameworks e normas — COBIT, CMMI, MPS.BR e as normas ISO — que orientam a implementação de uma governança robusta e alinhada aos objetivos corporativos.

Principais desafios da TI no contexto atual

Acompanhamos empresas de diferentes portes e setores na busca por maior eficiência, segurança e conformidade regulatória e boa parte delas têm desafios em comum: padronizar processos, eliminar gargalos operacionais, diminuir retrabalho e otimizar custos. 

Além disso, o aumento das ameaças cibernéticas e o cumprimento de exigências regulatórias, como a LGPD no Brasil (Lei Geral de Proteção de Dados) e a GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia), impõem a necessidade de uma abordagem estratégica.

  1. Desorganização Processual

A ausência de uma estrutura clara sobre como a empresa e seus negócios devem operar compromete a eficiência dos processos. Isso leva à execução redundante de tarefas, falhas de comunicação entre setores e dificuldade para identificar e resolver problemas operacionais. A causa nem sempre está nas pessoas, mas na falta de diretrizes, responsabilidades bem definidas e mecanismos de monitoramento contínuo.

Definir claramente como o funcionamento da empresa e de seus negócios deve ocorrer significa estabelecer diretrizes sobre quem faz o quê, com que critérios, em quais etapas e com quais responsabilidades. Isso envolve processos bem mapeados, políticas consistentes, fluxos de trabalho integrados e mecanismos de decisão que orientem a atuação das equipes, independentemente de mudanças pontuais nas pessoas ou nas ferramentas.

Outro fator crítico é a alta rotatividade de funcionários, que tende a se intensificar em ambientes desorganizados. Equipes expostas a processos instáveis, metas desalinhadas e sobrecarga de decisões operacionais enfrentam desafios diários que impactam diretamente a motivação. Como resultado, aumentam os custos com demissões, contratações e treinamentos, além da perda recorrente de conhecimento técnico e histórico organizacional.

Esse cenário afeta diretamente a capacidade de inovação e crescimento sustentável. A empresa passa a operar em modo reativo, apagando incêndios, sem tempo ou estrutura para antecipar riscos ou explorar oportunidades.

  1. Riscos regulatórios e o custo da falta de conformidade

Outro aspecto crítico é a não observância de boas práticas relacionadas com a segurança da informação e também com ineficiências operacionais.

Segundo um estudo da IBM, o custo médio de um vazamento de dados atingiu US$ 4,45 milhões em 2023, representando um aumento de 10% em relação ao ano anterior.

No Brasil, empresas que não cumprem os requisitos da LGPD podem ser penalizadas com multas de até 2% do faturamento anual, limitadas a R$ 50 milhões por infração. Já a GDPR estabelece sanções que podem chegar a € 20 milhões ou 4% do faturamento global da empresa.

Além das penalidades financeiras, a exposição a riscos regulatórios pode afastar clientes e parceiros importantes. Empresas que não demonstram conformidade com normas como ISO 27001 têm dificuldades em estabelecer contratos no setor público e privado, principalmente em mercados regulados.

No que diz respeito à ineficiência operacional, a falta de adoção de boas práticas – hoje amplamente difundidas em diversos modelos e normas setoriais – resulta em elevados custos de produção, baixa produtividade das equipes e comprometimento da qualidade dos produtos finais. [pegar algum dado dos artigos do CMMI sobre baixa produtividade e alimentar aqui]

  1. Desalinhamento estratégico entre TI e os objetivos de negócio

Quando a TI opera de forma fragmentada, sem diálogo com as demais áreas da organização, os projetos correm o risco de não atender às necessidades reais do mercado, comprometendo o ROI e dificultando a inovação. 

Dessa forma, o erro mais comum é a aquisição de ferramentas e sistemas que não atendem às necessidades reais da empresa. Softwares sem integração adequada podem gerar altos custos de licenciamento e implementação, sem oferecer melhorias significativas na eficiência operacional.

Segundo o estudo CIO Report 2025, realizado pela Logicalis, 95% das empresas investem em TI para gerar novas receitas, mas 64% dos CIOs admitem que tecnologias emergentes (como IA) ainda não entregaram o ROI esperado, refletindo a falta de alinhamento entre a TI e os objetivos estratégicos. Esse problema é frequentemente evitado por empresas que adotam os frameworks COBIT e CMMI, por exemplo.

  1. Falta de certificações de qualidade e segurança

A falta de certificações como CMMI, ISOs (9001, 27001, 27701, 20000, 14001, etc) e MPS.BR pode ser um obstáculo para empresas que atuam em setores como financeiro, saúde e tecnologia, onde a conformidade com normas rigorosas é um requisito eliminatório em licitações.

Sem essas certificações, organizações enfrentam dificuldades para atender às exigências regulatórias, podendo ser excluídas de negociações estratégicas. Assim, adotar uma Governança de TI fundamentada em frameworks reconhecidos é essencial para acessar mercados de alto valor e assegurar processos sustentáveis a longo prazo.

Frameworks para implementar uma Governança de TI eficaz

A governança de TI exige um arcabouço estruturado de diretrizes, práticas e métricas que possibilitem o alinhamento estratégico. Frameworks e normas são um ótimo caminho, pois fornecem um modelo de gestão consolidado, padronizado e validado pelo mercado.

Cada um desses frameworks atua em domínios específicos da gestão, mas a integração entre eles possibilita um ambiente de governança eficiente e adaptável às necessidades da empresa.

  1. COBIT: Alinhamento estratégico e controle da TI

COBIT (Control Objectives for Information and Related Technologies) é um dos frameworks mais conhecidos no mundo por sua capacidade de integrar a tecnologia aos objetivos estratégicos da empresa, oferecendo um roteiro detalhado para a gestão de riscos, controle e monitoramento dos processos de TI.

O COBIT é estruturado em cinco domínios principais, que cobrem desde a definição estratégica da TI até o monitoramento contínuo dos processos:

  • EDM (Evaluate, Direct and Monitor):  Definição de políticas e diretrizes para a governança de TI, assegurando alinhamento estratégico, gestão de riscos e compliance, garantindo conformidade regulatória e redução de vulnerabilidades e o Monitoramento contínuo do desempenho da TI, utilizando métricas e indicadores de performance (KPIs).
  • APO (Align, Plan and Organize):  Gestão estratégica da TI, definindo orçamentos, prioridades e indicadores de desempenho (KPIs), implementação de políticas de segurança da informação, apoiando a conformidade com normas como LGPD, GDPR e ISO 27001 e governança de riscos tecnológicos, minimizando impactos sobre a operação.
  • BAI (Build, Acquire and Implement): Gestão do ciclo de vida de projetos de TI, utilizando abordagens como Scrum, Agile , XP e DevOps, definição de requisitos para aquisição de novas tecnologias, garantindo alinhamento com as necessidades do negócio e gerenciamento de mudanças organizacionais com a adoção eficaz de novas soluções.
  • DSS (Deliver, Service and Support): Gestão de incidentes e falhas, prevenindo impactos críticos nas operações, monitoramento proativo de desempenho da TI, utilizando sistemas de gestão e alertas automatizados e gestão de segurança cibernética, protegendo a empresa contra ataques e violações de dados.
  • MEA (Monitor, Evaluate and Assess): Auditorias internas e externas, apoiando a conformidade com normas como ISO 27001, ISO 20000 e LGPD, monitoramento contínuo de métricas e indicadores (KPIs) para avaliar a eficácia das práticas de TI e melhoria contínua dos processos de governança, adaptando-os às mudanças regulatórias e tecnológicas.

Segundo estudos recentes, a gestão eficaz de domínios como o DSS (Deliver, Service, and Support) é crítica para mitigar custos operacionais. Uma queda de 14 horas no Facebook em 2019 resultou em US$ 90 milhões em prejuízos, já a A British Airways perdeu US$ 102 milhões em 2017 devido a uma falha de rede que cancelou 2.000 voos.

E, é claro, não podemos deixar de mencionar o impacto em pequenas empresas. Segundo pesquisa da CB Insights, o tempo de inatividade é um dos principais motivos da falência de startups. O custo por tempo de inatividade varia entre U$8.820 até U$25.620 por hora, podendo comprometer até 29% dessas empresas em casos críticos.

  1. CMMI 3.0: Elevando a maturidade e otimização dos processos

O CMMI (Capability Maturity Model Integration) é um dos frameworks mais utilizados para aprimorar processos organizacionais e garantir eficiência operacional. O CMMI 3.0 vai além, abrangendo a engenharia de software, desenvolvimento de produtos, gestão de fornecedores, segurança da informação e trabalho remoto.

Ao adotar domínios como Gestão de Desempenho, Pessoas, Projetos e Melhoria Contínua, as empresas conseguem identificar pontos de melhoria, reduzir desperdícios e implementar um ciclo de evolução contínua.

Domínios do CMMI 3.0

Cada domínio define conjuntos de práticas estruturadas, permitindo a implementação de mecanismos de controle, métricas de desempenho e estruturação estratégica. Esses domínios interagem entre si, permitindo que as empresas alinhem estratégia, governança e inovação operacional dentro de um modelo unificado e escalável.

  • Desenvolvimento (Development)
    Esse domínio é voltado ao ciclo completo de desenvolvimento de produtos e software, com foco na entrega de soluções com qualidade, rastreabilidade e controle. Inclui práticas como definição de requisitos, elaboração de soluções técnicas, verificação e validação de entregas, gestão de configurações e análise de causas de falhas. Seu objetivo principal é garantir que o produto seja construído de forma previsível, segura e controlada desde a concepção até a entrega final.

  • Serviços (Services)
    Focado na prestação de serviços com excelência, esse domínio assegura que os serviços sejam definidos com clareza, monitorados continuamente e entregues dentro dos níveis de qualidade contratados. Inclui práticas como gestão da capacidade, controle de disponibilidade, resolução de incidentes, acompanhamento operacional e definição estratégica dos serviços. É essencial para organizações que oferecem suporte técnico, manutenção, outsourcing ou qualquer serviço recorrente de TI.
  • Segurança (Security)
    Este domínio aborda diretamente a segurança da informação e a resiliência contra ameaças cibernéticas ao longo de todo o ciclo de desenvolvimento e operação de serviços. Envolve a adoção de práticas como identificação de ameaças, análise de vulnerabilidades, resposta a incidentes e implementação de controles técnicos de proteção. É aplicável tanto para produtos quanto para ambientes operacionais, integrando segurança desde o design até a manutenção

  • Dados (Data)
    O domínio de dados está centrado na governança, integridade, disponibilidade e qualidade dos dados organizacionais. Ele assegura que os dados sejam tratados como ativos estratégicos, com práticas que vão desde o inventário e classificação até a verificação de consistência e controle de acesso. Suporta decisões baseadas em dados confiáveis e atende a requisitos regulatórios em setores como finanças, saúde e governo.

  • Pessoas (People)
    Este domínio trata da gestão de talentos, competências e cultura organizacional. Suas práticas envolvem o mapeamento de habilidades, desenvolvimento de lideranças, empoderamento dos times e criação de um ambiente propício à melhoria contínua. É especialmente útil para organizações que enfrentam alta rotatividade, lacunas de capacitação ou buscam alinhar pessoas à estratégia.
  • Fornecedores (Suppliers)
    Esse domínio foca na relação com fornecedores, incluindo seleção, contratação, monitoramento e controle de entregas externas. Suas práticas asseguram que a cadeia de suprimentos seja integrada ao sistema de qualidade da empresa, evitando riscos associados a terceiros. É essencial para empresas que dependem de software embarcado, bibliotecas externas, outsourcing ou integração de sistemas.
  • Segurança Funcional (Safety)
    Voltado à segurança física e operacional de produtos e processos, esse domínio é obrigatório para setores como automotivo, aeroespacial, energia e saúde. As práticas abordam riscos associados a falhas técnicas, impacto ambiental, integridade de sistemas críticos e conformidade com normas de segurança funcional. Ele assegura que os riscos não-tecnológicos (como acidentes ou falhas em campo) sejam monitorados e mitigados.
  • Trabalho Virtual (Virtual)
    Este domínio foi criado para lidar com os desafios da operação remota e híbrida. Ele estabelece práticas para garantir produtividade, colaboração, segurança e continuidade em ambientes de trabalho distribuídos. Isso inclui a gestão de times remotos, segurança em nuvem, controle de ativos em múltiplas localidades e integração de ferramentas digitais.

Níveis de maturidade do CMMI 3.0 e suas aplicações

O CMMI 3.0 utiliza um modelo de maturidade baseado em cinco níveis, cada um representando o grau de evolução dos processos organizacionais.

  • Nível 1 – Inicial: marcado por processos inconsistentes e reativos, dependência de esforços individuais e ausência de previsibilidade e controle.
  • Nível 2 – Gerenciado: Há a definição de processos fundamentais – ainda que não padronizados, KPIs básicos para monitoramento e maior controle sobre projetos e entregas.
  • Nível 3 – Definido: Acontece a padronização completa dos processos em toda a organização, metodologias estruturadas para desenvolvimento e engenharia e modelos preditivos para análise de desempenho.
  • Nível 4 – Gerenciado Quantitativamente: Enfim, o uso avançado de métricas e indicadores de desempenho, otimização baseada em análise estatística e machine learning e previsibilidade nos resultados operacionais.
  • Nível 5 – Otimizado: Por fim, o foco se torna a melhoria contínua baseada em inovação e automação e processos ajustáveis às mudanças de mercado e evolução da TI.

Empresas que operam nos níveis mais altos do CMMI têm um modelo de governança sólido, onde TI e processos de negócios estão plenamente integrados, permitindo tomadas de decisão baseadas em dados concretos e métricas de desempenho.

  1. MPS.BR: Maturidade de processos para o contexto brasileiro

Desenvolvido pela Softex, o MPS.BR foi criado para atender às particularidades das empresas brasileiras. Ele se diferencia de frameworks internacionais (como o CMMI) ao oferecer uma abordagem escalável, economicamente viável e alinhada às necessidades de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).

Estrutura e processos do MPS.BR

Vale lembrar que cada nível tem seus processos direcionados para uma ação individual da melhoria de serviços em questão. Porém, nesse artigo, vamos focar nos níveis e suas funções como um todo:

  • Nível G – Parcialmente Gerenciado: Define os processos essenciais para o gerenciamento de projetos e garantia da qualidade, permitindo que a organização tenha um controle inicial sobre suas operações.
  • Nível F – Gerenciado: Introduz um modelo de planejamento, monitoramento e controle dos processos, garantindo maior previsibilidade nas entregas e melhor acompanhamento dos projetos.
  • Nível E – Parcialmente Definido: Foca na padronização dos processos organizacionais, garantindo que todas as atividades críticas sejam documentadas e seguidas de forma consistente.
  • Nível D – Largamente Definido: Expande a padronização para a gestão de riscos, medições e controle de métricas de desempenho, possibilitando uma análise quantitativa dos processos.
  • Nível C – Definido: Estabelece uma gestão integrada de processos e práticas avançadas de engenharia de software, alinhando os objetivos estratégicos da organização à execução dos projetos.
  • Nível B – Gerenciado Quantitativamente: Implementa uma abordagem baseada em indicadores estatísticos e métricas de desempenho, assegurando maior controle sobre a eficiência dos processos.
  • Nível A – Em Otimização: Representa o estágio mais alto de maturidade, onde os processos são continuamente analisados e aprimorados, promovendo inovação e adaptação constante às demandas do mercado.

  1. Normas ISO: Padrões internacionais de segurança, qualidade e gestão

As normas ISO, como a ISO 27001, 27701, 20000 e 9001, são padrões globais dos chamados Sistemas de Gestão. Cada uma delas com um foco específico que pode envolver  gestão da segurança da informação, proteção de dados, gestão de serviços de TI e gestão da Qualidade Operacional. Ter um certificado dessas normas demonstra a capacidade da empresa em manter padrões elevados de governança e conformidade regulatória.

Por meio de uma abordagem estruturada – que inclui o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) – as organizações podem identificar vulnerabilidades, implementar controles eficazes e monitorar constantemente seus processos:

  • Plan (Planejar): Definir objetivos, escopo e critérios de sucesso, além de identificar riscos e recursos necessários para suas iniciativas de TI.
  • Do (Executar): Colocar em prática processos, controles e treinamentos definidos, garantindo que as ações planejadas sejam executadas conforme o previsto.
  • Check (Monitorar e Avaliar): Monitorar indicadores-chave, realizar auditorias internas e analisar resultados para identificar desvios e oportunidades de melhoria.
  • Act (Melhorar): Correção de falhas, otimização de políticas, adaptação de processos com base nas lições aprendidas.

ISO 27001: Segurança da informação e gestão de riscos

A ISO/IEC 27001 é a norma internacional que estabelece requisitos para um Sistema de Gestão da Segurança da Informação (SGSI). Seu uso está em expansão em setores que lidam com dados sensíveis, como instituições financeiras, empresas de tecnologia, saúde e indústrias reguladas.

Além disso, a norma facilita a conformidade regulatória, garantindo o atendimento a legislações como LGPD (Brasil), GDPR (Europa) e CCPA (EUA), o que reduz riscos de sanções e processos jurídicos.

Os controles estabelecidos pela ISO 27001 são distribuídos em quatro domínios principais, que garantem a aplicação prática das políticas de segurança da informação:

  • Controles Organizacionais: Definem políticas, procedimentos e práticas de segurança da informação, incluindo gestão de riscos, governança de TI e conformidade regulatória.
  • Controles de Pessoas: Tratam da gestão de identidade e acessos, capacitação de colaboradores e proteção contra ameaças internas.
  • Controles Físicos: Cobrem a proteção de instalações, segurança de equipamentos e acesso a ambientes críticos, prevenindo acessos não autorizados e desastres naturais.
  • Controles Tecnológicos: Englobam criptografia, gestão de vulnerabilidades, resposta a incidentes e segurança de redes e sistemas.

ISO/IEC 20000: Gestão de serviços de TI

A ISO/IEC 20000 é a norma internacional para Gestão de Serviços de TI (ITSM), criada pela ISO e IEC. Ela define requisitos para implementar e gerenciar um Sistema de Gestão de Serviços (SGS), assegurando qualidade, eficiência e conformidade dos serviços de TI.

Diferente de normas como a ISO 27001, que foca em segurança da informação, ou a ISO 9001, voltada para gestão da qualidade, a ISO 20000 tem um escopo mais abrangente, cobrindo o ciclo de vida dos serviços de TI, desde seu planejamento e implementação até sua operação, suporte e melhoria contínua.

Sua estrutura se baseia em boas práticas do ITIL (Information Technology Infrastructure Library) e foca na entrega confiável, monitoramento contínuo e otimização dos serviços de TI, de maneira consistente, mensurável e segura.

  • Gerenciamento de Serviços e Governança: Estabelece a estratégia e o escopo dos serviços oferecidos, mantém um inventário estruturado dos serviços disponíveis, incluindo SLAs, níveis de suporte e requisitos técnicos e garante que os serviços de TI tenham desempenho adequado, evitando falhas operacionais e degradação de sistemas.

  • Gestão de Incidentes, Problemas e Mudanças: Define processos para resposta ágil a falhas recorrentes e ajuda a mitigar problemas estruturais. Além disso, controla a introdução de novas tecnologias e modificações nos serviços de TI.

  • Gestão de Continuidade e Segurança da Informação: Implementa estratégias para garantir que a organização mantenha suas operações mesmo em cenários de falha ou desastre e define políticas de proteção contra ameaças cibernéticas, acessos não autorizados e vazamento de dados.

  • Monitoramento, Auditoria e Melhoria Contínua: Define SLAs (Service Level Agreements), KPIs e métricas para monitorar a qualidade dos serviços prestados, mantém um registro detalhado dos ativos de TI, garantindo gestão eficiente da infraestrutura, conformidade com os requisitos normativos e contratuais.

3.4.4 ISO 9001: Gestão da Qualidade e Melhoria Contínua

Diferente de normas como a ISO 27001 e a ISO 20000, a ISO 9001 abrange um escopo mais amplo, sendo aplicável a qualquer setor e tipo de organização. Seu foco principal está na Gestão da Qualidade (SGQ), servindo como um framework para estruturar processos para garantir produtos e serviços consistentes, focados na satisfação do cliente e orientados para a melhoria contínua.

A versão mais recente da norma, ISO 9001:2015, introduziu uma abordagem baseada em riscos e oportunidades, reforçando a necessidade de planejamento estratégico na qualidade. Diferente de normas como a ISO 27001, que possui controles divididos por domínios específicos de segurança, a ISO 9001 se baseia na padronização da gestão de processos e requisitos:

  • Gestão por Processos: Identificação, mapeamento e documentação dos processos da organização, garantindo eficiência e consistência nas operações.
  • Foco no Cliente: Monitoramento da satisfação dos clientes e garantia de que seus requisitos sejam atendidos de forma consistente.
  • Gestão de Riscos e Oportunidades: Identificação de fatores que possam impactar a qualidade dos produtos e serviços, estabelecendo medidas preventivas.
  • Monitoramento de Indicadores de Desempenho (KPIs): Definição e acompanhamento de métricas para avaliar a eficácia dos processos.
  • Auditorias Internas: Realização periódica de auditorias para verificar a conformidade dos processos com os requisitos da norma.
  • Ações Corretivas e Preventivas: Identificação e eliminação de causas de não conformidade, prevenindo recorrências e aprimorando os processos.
  • Gestão de Recursos: Definição de requisitos para infraestrutura, tecnologia, qualificação da equipe e ambiente de trabalho.
  • Controle de Documentação: Garantia de que políticas, procedimentos e registros estejam organizados e acessíveis.

Guia prático para começar a implementar Governança de TI

A implementação da Governança de TI exige mais do que apenas conhecimento teórico sobre frameworks e normas; é um processo estruturado que passa por diagnóstico, planejamento, capacitação e monitoramento contínuo.

Para garantir que a governança traga resultados tangíveis, apresentamos um guia prático baseado nas melhores práticas do mercado e na experiência da Promove.

1. Diagnóstico e mapeamento de processos

O primeiro passo para uma governança eficiente é entender a situação atual da empresa. Isso envolve mapear os processos existentes, identificar gargalos e analisar a maturidade dos serviços de TI. Ferramentas como CMMI Appraisal e ISO Gap Analysis são amplamente utilizadas para essa finalidade. Além disso, o COBIT Process Assessment Model (PAM) fornece um framework para medir a maturidade da governança de TI e apontar áreas críticas para melhoria.

Esse diagnóstico deve levar em conta não apenas os aspectos técnicos, mas também fatores culturais e operacionais, como a resistência a mudanças e o nível de adesão às políticas internas.

2. Planejamento estratégico com definição de KPIs

Após identificar as áreas críticas, a próxima etapa é o planejamento, que define quais frameworks e normas serão adotados e quais processos serão otimizados. O erro mais comum nesse estágio é querer implementar tudo ao mesmo tempo.

A governança de TI deve ser implantada em fases, priorizando ações que gerem o maior retorno sobre o investimento (ROI). O COBIT 2019, por exemplo, sugere a adoção de um IT Balanced Scorecard, permitindo que as organizações alinhem os objetivos da governança de TI com as metas do negócio.

Para garantir um acompanhamento eficaz, é fundamental definir KPIs mensuráveis:

  • Tempo médio de resposta a incidentes (MTTR) – Avalia a eficiência da gestão de segurança da informação (ISO 27001);
  • Índice de conformidade regulatória – Verifica o nível de aderência a normas como LGPD e GDPR (ISO 27701);
  • Eficiência operacional de TI – Mede a redução de custos com a implementação de ITSM (ISO 20000);
  • Maturidade de processos – Avalia a evolução da empresa em frameworks como CMMI e MPS.BR.

3. Capacitação e engajamento das equipes

Nenhuma estratégia de governança será bem-sucedida sem o engajamento das equipes. Investir em treinamentos e certificações é fundamental para garantir que os colaboradores compreendam as diretrizes e saibam como aplicá-las no dia a dia. Workshops internos e programas de atualização contínua fortalecem o alinhamento e a adesão aos processos.

Alguns dos programas mais recomendados incluem:

  • Certified in the Governance of Enterprise IT (CGEIT – ISACA) – Para líderes que desejam aprofundar a gestão estratégica de TI;
  • ISO 27001 Lead Implementer (PECB, EXIN, IRCA) – Para profissionais responsáveis pela implementação da segurança da informação;
  • CMMI Associate & CMMI Lead Appraiser – Para equipes envolvidas na melhoria de processos organizacionais;
  • ITIL 4 Foundation & Managing Professional – Para a implementação de melhores práticas na gestão de serviços de TI.

4. Monitoramento e melhoria contínua

A governança de TI é um ciclo que exige revisões periódicas. A implementação de auditorias internas, a análise regular dos KPIs e a promoção de feedbacks constantes são práticas que garantem a evolução contínua dos processos. Algumas boas práticas para garantir a eficiência desse monitoramento incluem:

  • Auditorias internas semestrais – Para avaliar a conformidade com as normas e frameworks adotados.
  • Análise de KPIs em reuniões de governança – Garantindo que métricas estratégicas sejam constantemente revisadas.
  • Feedback contínuo das equipes – Criando um ambiente onde sugestões e melhorias possam ser implementadas de forma ágil.
  • Benchmarking com empresas certificadas – Comparando processos e identificando oportunidades de otimização.

Certificação não é o fim  — A Importância da manutenção de boas práticas

A governança de TI não é um evento isolado, mas sim um ciclo contínuo de evolução. Empresas que enxergam a certificação apenas como um selo para atender requisitos de mercado correm o risco de estagnar e perder competitividade.

A certificação, sozinha, não sustenta a eficiência operacional, nem garante que os processos continuarão otimizados com o passar do tempo. O que realmente faz a diferença é um modelo de governança vivo. É por isso que as organizações que mais se destacam no mercado são aquelas que não apenas conquistam certificações, mas que investem em um processo contínuo de aprimoramento.

O problema surge quando empresas tratam a conquista do certificado como um fim em si mesmo, negligenciando a adaptação e evolução dos processos, uma vez que mesmo as empresas certificadas podem perder desempenho e voltar a enfrentar os mesmos desafios de antes.

Para entender melhor essa diferença entre empresas que apenas buscam certificação e aquelas que realmente integram a governança ao seu modelo de negócio, vamos a alguns exemplos práticos.

Casos reais: Empresas que mantêm a excelência além da certificação 

Seguindo esse caminho, a Almaviva Solutions adotou o Nível 3 do CMMI com o apoio da Promove e conquistou um contrato de mais R$ 64 milhões em uma licitação da PRODAM-SP (parceira tecnológica da Prefeitura de São Paulo), demonstrando, por meio da certificação, sua maturidade organizacional e capacidade de entrega para atender aos requisitos do edital.

Já a Radix, referência no setor de tecnologia e engenharia, implementou o CMMI Nível 5 com o apoio da Promove. A certificação abriu portas, mas foi a constante revisão e evolução dos processos que garantiu o crescimento sustentável da empresa:

  • Aumento de 20% na produtividade, eliminando gargalos nos processos.
  • Redução de 30% no tempo de desenvolvimento de software, otimizando entregas.
  • Expansão do faturamento, consolidando sua posição em projetos internacionais.

A Deloitte, por sua vez, não apenas adotou práticas de governança, mas também investiu fortemente em processos contínuos de melhoria e monitoramento. E, com isso, conseguiu:

  • Maior previsibilidade nos projetos, reduzindo riscos operacionais.
  • Alinhamento estratégico entre TI e o negócio, garantindo eficiência.
  • Facilidade na adoção de novas tecnologias, mantendo-se competitiva.

Pronto para implementar uma Governança de TI eficaz na sua empresa?

Nosso trabalho não se limita a apenas preparar empresas para auditorias. Sempre apoiamos nossos clientes desde o diagnóstico até o monitoramento contínuo.

Nossa equipe é altamente especializada e experiente na implantação de Governança de TI, garantindo uma aplicação eficaz e contínua para melhorar a produtividade das equipes e a qualidade das entregas de software. Conheça nossos serviços, e se precisar, entre em contato!

Promove

A Promove é especializada em consultoria para fábricas de software, com foco na Implementação de Cultura Ágil, conformidade com normas ISO, LGPD, e modelos de qualidade CMMI e MPS.

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