A governança de TI é a principal responsável por alinhar tecnologia aos objetivos de negócio, garantir conformidade com normas e reduzir riscos operacionais. Envolve direção, gerenciamento, controle, priorização de investimentos, geração de valor, accountability, entre outros. Neste artigo, daremos foco nos frameworks que sustentam essa estrutura e apoiam a implementação da governança de TI nas organizações.
Ter governança adequada das atividades de TI torna-se extremamente relevante, em um cenário marcado pela ineficiência de processos, riscos cibernéticos e crescente pressão regulatória, dentre outros. Não é incomum encontrarmos registros de organizações que não possuem a visibilidade adequada da performance de seus colaboradores, não possuem uma ideia clara dos prazos e custos para a entrega de valor a seus clientes, insatisfação do cliente com a agilidade das entregas e insatisfações internas das equipes pela carga de trabalho e constantes quebras de planejamento. Nessas condições, a gestão estruturada de TI é o caminho para reduzir prejuízos, evitar a perda de confiança e assegurar a continuidade das operações.
Este texto apresenta os principais frameworks e normas — COBIT, CMMI, MPS.BR e as normas ISO — que orientam a implementação de uma governança robusta e alinhada aos objetivos corporativos.
Acompanhamos empresas de diferentes portes e setores na busca por maior eficiência, segurança e conformidade regulatória e boa parte delas têm desafios em comum: padronizar processos, eliminar gargalos operacionais, diminuir retrabalho e otimizar custos.
Além disso, o aumento das ameaças cibernéticas e o cumprimento de exigências regulatórias, como a LGPD no Brasil (Lei Geral de Proteção de Dados) e a GDPR (Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia), impõem a necessidade de uma abordagem estratégica.
A ausência de uma estrutura clara sobre como a empresa e seus negócios devem operar compromete a eficiência dos processos. Isso leva à execução redundante de tarefas, falhas de comunicação entre setores e dificuldade para identificar e resolver problemas operacionais. A causa nem sempre está nas pessoas, mas na falta de diretrizes, responsabilidades bem definidas e mecanismos de monitoramento contínuo.
Definir claramente como o funcionamento da empresa e de seus negócios deve ocorrer significa estabelecer diretrizes sobre quem faz o quê, com que critérios, em quais etapas e com quais responsabilidades. Isso envolve processos bem mapeados, políticas consistentes, fluxos de trabalho integrados e mecanismos de decisão que orientem a atuação das equipes, independentemente de mudanças pontuais nas pessoas ou nas ferramentas.
Outro fator crítico é a alta rotatividade de funcionários, que tende a se intensificar em ambientes desorganizados. Equipes expostas a processos instáveis, metas desalinhadas e sobrecarga de decisões operacionais enfrentam desafios diários que impactam diretamente a motivação. Como resultado, aumentam os custos com demissões, contratações e treinamentos, além da perda recorrente de conhecimento técnico e histórico organizacional.
Esse cenário afeta diretamente a capacidade de inovação e crescimento sustentável. A empresa passa a operar em modo reativo, apagando incêndios, sem tempo ou estrutura para antecipar riscos ou explorar oportunidades.
Outro aspecto crítico é a não observância de boas práticas relacionadas com a segurança da informação e também com ineficiências operacionais.
Segundo um estudo da IBM, o custo médio de um vazamento de dados atingiu US$ 4,45 milhões em 2023, representando um aumento de 10% em relação ao ano anterior.
No Brasil, empresas que não cumprem os requisitos da LGPD podem ser penalizadas com multas de até 2% do faturamento anual, limitadas a R$ 50 milhões por infração. Já a GDPR estabelece sanções que podem chegar a € 20 milhões ou 4% do faturamento global da empresa.
Além das penalidades financeiras, a exposição a riscos regulatórios pode afastar clientes e parceiros importantes. Empresas que não demonstram conformidade com normas como ISO 27001 têm dificuldades em estabelecer contratos no setor público e privado, principalmente em mercados regulados.
No que diz respeito à ineficiência operacional, a falta de adoção de boas práticas – hoje amplamente difundidas em diversos modelos e normas setoriais – resulta em elevados custos de produção, baixa produtividade das equipes e comprometimento da qualidade dos produtos finais. [pegar algum dado dos artigos do CMMI sobre baixa produtividade e alimentar aqui]
Quando a TI opera de forma fragmentada, sem diálogo com as demais áreas da organização, os projetos correm o risco de não atender às necessidades reais do mercado, comprometendo o ROI e dificultando a inovação.
Dessa forma, o erro mais comum é a aquisição de ferramentas e sistemas que não atendem às necessidades reais da empresa. Softwares sem integração adequada podem gerar altos custos de licenciamento e implementação, sem oferecer melhorias significativas na eficiência operacional.
Segundo o estudo CIO Report 2025, realizado pela Logicalis, 95% das empresas investem em TI para gerar novas receitas, mas 64% dos CIOs admitem que tecnologias emergentes (como IA) ainda não entregaram o ROI esperado, refletindo a falta de alinhamento entre a TI e os objetivos estratégicos. Esse problema é frequentemente evitado por empresas que adotam os frameworks COBIT e CMMI, por exemplo.
A falta de certificações como CMMI, ISOs (9001, 27001, 27701, 20000, 14001, etc) e MPS.BR pode ser um obstáculo para empresas que atuam em setores como financeiro, saúde e tecnologia, onde a conformidade com normas rigorosas é um requisito eliminatório em licitações.
Sem essas certificações, organizações enfrentam dificuldades para atender às exigências regulatórias, podendo ser excluídas de negociações estratégicas. Assim, adotar uma Governança de TI fundamentada em frameworks reconhecidos é essencial para acessar mercados de alto valor e assegurar processos sustentáveis a longo prazo.
A governança de TI exige um arcabouço estruturado de diretrizes, práticas e métricas que possibilitem o alinhamento estratégico. Frameworks e normas são um ótimo caminho, pois fornecem um modelo de gestão consolidado, padronizado e validado pelo mercado.
Cada um desses frameworks atua em domínios específicos da gestão, mas a integração entre eles possibilita um ambiente de governança eficiente e adaptável às necessidades da empresa.
COBIT (Control Objectives for Information and Related Technologies) é um dos frameworks mais conhecidos no mundo por sua capacidade de integrar a tecnologia aos objetivos estratégicos da empresa, oferecendo um roteiro detalhado para a gestão de riscos, controle e monitoramento dos processos de TI.
O COBIT é estruturado em cinco domínios principais, que cobrem desde a definição estratégica da TI até o monitoramento contínuo dos processos:
Segundo estudos recentes, a gestão eficaz de domínios como o DSS (Deliver, Service, and Support) é crítica para mitigar custos operacionais. Uma queda de 14 horas no Facebook em 2019 resultou em US$ 90 milhões em prejuízos, já a A British Airways perdeu US$ 102 milhões em 2017 devido a uma falha de rede que cancelou 2.000 voos.
E, é claro, não podemos deixar de mencionar o impacto em pequenas empresas. Segundo pesquisa da CB Insights, o tempo de inatividade é um dos principais motivos da falência de startups. O custo por tempo de inatividade varia entre U$8.820 até U$25.620 por hora, podendo comprometer até 29% dessas empresas em casos críticos.
O CMMI (Capability Maturity Model Integration) é um dos frameworks mais utilizados para aprimorar processos organizacionais e garantir eficiência operacional. O CMMI 3.0 vai além, abrangendo a engenharia de software, desenvolvimento de produtos, gestão de fornecedores, segurança da informação e trabalho remoto.
Ao adotar domínios como Gestão de Desempenho, Pessoas, Projetos e Melhoria Contínua, as empresas conseguem identificar pontos de melhoria, reduzir desperdícios e implementar um ciclo de evolução contínua.
Cada domínio define conjuntos de práticas estruturadas, permitindo a implementação de mecanismos de controle, métricas de desempenho e estruturação estratégica. Esses domínios interagem entre si, permitindo que as empresas alinhem estratégia, governança e inovação operacional dentro de um modelo unificado e escalável.
O CMMI 3.0 utiliza um modelo de maturidade baseado em cinco níveis, cada um representando o grau de evolução dos processos organizacionais.
Empresas que operam nos níveis mais altos do CMMI têm um modelo de governança sólido, onde TI e processos de negócios estão plenamente integrados, permitindo tomadas de decisão baseadas em dados concretos e métricas de desempenho.
Desenvolvido pela Softex, o MPS.BR foi criado para atender às particularidades das empresas brasileiras. Ele se diferencia de frameworks internacionais (como o CMMI) ao oferecer uma abordagem escalável, economicamente viável e alinhada às necessidades de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs).
Vale lembrar que cada nível tem seus processos direcionados para uma ação individual da melhoria de serviços em questão. Porém, nesse artigo, vamos focar nos níveis e suas funções como um todo:
As normas ISO, como a ISO 27001, 27701, 20000 e 9001, são padrões globais dos chamados Sistemas de Gestão. Cada uma delas com um foco específico que pode envolver gestão da segurança da informação, proteção de dados, gestão de serviços de TI e gestão da Qualidade Operacional. Ter um certificado dessas normas demonstra a capacidade da empresa em manter padrões elevados de governança e conformidade regulatória.
Por meio de uma abordagem estruturada – que inclui o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) – as organizações podem identificar vulnerabilidades, implementar controles eficazes e monitorar constantemente seus processos:
A ISO/IEC 27001 é a norma internacional que estabelece requisitos para um Sistema de Gestão da Segurança da Informação (SGSI). Seu uso está em expansão em setores que lidam com dados sensíveis, como instituições financeiras, empresas de tecnologia, saúde e indústrias reguladas.
Além disso, a norma facilita a conformidade regulatória, garantindo o atendimento a legislações como LGPD (Brasil), GDPR (Europa) e CCPA (EUA), o que reduz riscos de sanções e processos jurídicos.
Os controles estabelecidos pela ISO 27001 são distribuídos em quatro domínios principais, que garantem a aplicação prática das políticas de segurança da informação:
A ISO/IEC 20000 é a norma internacional para Gestão de Serviços de TI (ITSM), criada pela ISO e IEC. Ela define requisitos para implementar e gerenciar um Sistema de Gestão de Serviços (SGS), assegurando qualidade, eficiência e conformidade dos serviços de TI.
Diferente de normas como a ISO 27001, que foca em segurança da informação, ou a ISO 9001, voltada para gestão da qualidade, a ISO 20000 tem um escopo mais abrangente, cobrindo o ciclo de vida dos serviços de TI, desde seu planejamento e implementação até sua operação, suporte e melhoria contínua.
Sua estrutura se baseia em boas práticas do ITIL (Information Technology Infrastructure Library) e foca na entrega confiável, monitoramento contínuo e otimização dos serviços de TI, de maneira consistente, mensurável e segura.
Diferente de normas como a ISO 27001 e a ISO 20000, a ISO 9001 abrange um escopo mais amplo, sendo aplicável a qualquer setor e tipo de organização. Seu foco principal está na Gestão da Qualidade (SGQ), servindo como um framework para estruturar processos para garantir produtos e serviços consistentes, focados na satisfação do cliente e orientados para a melhoria contínua.
A versão mais recente da norma, ISO 9001:2015, introduziu uma abordagem baseada em riscos e oportunidades, reforçando a necessidade de planejamento estratégico na qualidade. Diferente de normas como a ISO 27001, que possui controles divididos por domínios específicos de segurança, a ISO 9001 se baseia na padronização da gestão de processos e requisitos:
A implementação da Governança de TI exige mais do que apenas conhecimento teórico sobre frameworks e normas; é um processo estruturado que passa por diagnóstico, planejamento, capacitação e monitoramento contínuo.
Para garantir que a governança traga resultados tangíveis, apresentamos um guia prático baseado nas melhores práticas do mercado e na experiência da Promove.
O primeiro passo para uma governança eficiente é entender a situação atual da empresa. Isso envolve mapear os processos existentes, identificar gargalos e analisar a maturidade dos serviços de TI. Ferramentas como CMMI Appraisal e ISO Gap Analysis são amplamente utilizadas para essa finalidade. Além disso, o COBIT Process Assessment Model (PAM) fornece um framework para medir a maturidade da governança de TI e apontar áreas críticas para melhoria.
Esse diagnóstico deve levar em conta não apenas os aspectos técnicos, mas também fatores culturais e operacionais, como a resistência a mudanças e o nível de adesão às políticas internas.
Após identificar as áreas críticas, a próxima etapa é o planejamento, que define quais frameworks e normas serão adotados e quais processos serão otimizados. O erro mais comum nesse estágio é querer implementar tudo ao mesmo tempo.
A governança de TI deve ser implantada em fases, priorizando ações que gerem o maior retorno sobre o investimento (ROI). O COBIT 2019, por exemplo, sugere a adoção de um IT Balanced Scorecard, permitindo que as organizações alinhem os objetivos da governança de TI com as metas do negócio.
Para garantir um acompanhamento eficaz, é fundamental definir KPIs mensuráveis:
Nenhuma estratégia de governança será bem-sucedida sem o engajamento das equipes. Investir em treinamentos e certificações é fundamental para garantir que os colaboradores compreendam as diretrizes e saibam como aplicá-las no dia a dia. Workshops internos e programas de atualização contínua fortalecem o alinhamento e a adesão aos processos.
Alguns dos programas mais recomendados incluem:
A governança de TI é um ciclo que exige revisões periódicas. A implementação de auditorias internas, a análise regular dos KPIs e a promoção de feedbacks constantes são práticas que garantem a evolução contínua dos processos. Algumas boas práticas para garantir a eficiência desse monitoramento incluem:
A governança de TI não é um evento isolado, mas sim um ciclo contínuo de evolução. Empresas que enxergam a certificação apenas como um selo para atender requisitos de mercado correm o risco de estagnar e perder competitividade.
A certificação, sozinha, não sustenta a eficiência operacional, nem garante que os processos continuarão otimizados com o passar do tempo. O que realmente faz a diferença é um modelo de governança vivo. É por isso que as organizações que mais se destacam no mercado são aquelas que não apenas conquistam certificações, mas que investem em um processo contínuo de aprimoramento.
O problema surge quando empresas tratam a conquista do certificado como um fim em si mesmo, negligenciando a adaptação e evolução dos processos, uma vez que mesmo as empresas certificadas podem perder desempenho e voltar a enfrentar os mesmos desafios de antes.
Para entender melhor essa diferença entre empresas que apenas buscam certificação e aquelas que realmente integram a governança ao seu modelo de negócio, vamos a alguns exemplos práticos.
Seguindo esse caminho, a Almaviva Solutions adotou o Nível 3 do CMMI com o apoio da Promove e conquistou um contrato de mais R$ 64 milhões em uma licitação da PRODAM-SP (parceira tecnológica da Prefeitura de São Paulo), demonstrando, por meio da certificação, sua maturidade organizacional e capacidade de entrega para atender aos requisitos do edital.
Já a Radix, referência no setor de tecnologia e engenharia, implementou o CMMI Nível 5 com o apoio da Promove. A certificação abriu portas, mas foi a constante revisão e evolução dos processos que garantiu o crescimento sustentável da empresa:
A Deloitte, por sua vez, não apenas adotou práticas de governança, mas também investiu fortemente em processos contínuos de melhoria e monitoramento. E, com isso, conseguiu:
Nosso trabalho não se limita a apenas preparar empresas para auditorias. Sempre apoiamos nossos clientes desde o diagnóstico até o monitoramento contínuo.
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