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Escrito por: Promove

Quando: 31 de julho de 2025

Engenharia de Plataforma: o alicerce invisível por trás da alta performance DevOps

Durante os últimos anos, muito se falou sobre DevOps, agilidade, automação, velocidade e entregas contínuas. Ainda assim, muitas organizações estão estagnadas em níveis baixo e médio de maturidade. O que está faltando para conseguir melhorar?

A realidade é que, mesmo com boas intenções, times continuam enfrentando altos níveis de retrabalho, entregas com falhas, processos manuais, pouca rastreabilidade e um sentimento de frustração coletiva.

Então, o que está faltando?

A resposta pode não estar nas linguagens de desenvolvimento, nem nas cerimônias, mas em algo menos visível, mais técnico e absolutamente essencial: a Engenharia de Plataforma.

Neste artigo, vamos falar sobre insights da nossa diretora executiva, Analia Irigoyen, com mais de 30 anos de vivência prática em engenharia de software e melhoria de processos. Aqui, explicaremos por que a Engenharia de Plataforma é o alicerce silencioso que sustenta organizações de alta performance.

O que é Engenharia de Plataforma?

Engenharia de Plataforma é a disciplina que constrói e mantém a base técnica e organizacional que permite aos times de produto entregar software com qualidade, segurança e frequência.

Não estamos falando de “mais uma stack”, nem de um novo modismo. Estamos falando de:

  • Estabelecer processos a serem seguidos;
  • Criar templates reutilizáveis de ambientes;
  • Garantir segurança automatizada em pipelines;
  • Fornecer repositórios versionados, estáveis e auditáveis;
  • Estabelecer padrões para integração e entrega contínua (CI e CD);
  • Melhorar a experiência dos times de desenvolvimento e operações.

Engenharia de Plataforma é o que permite que o desenvolvimento de software e todo o seu ciclo de vida, incluindo a gestão, aconteçam com fluidez.

Por que discutir Engenharia de Plataforma agora?

Porque a maioria das organizações não consegue sustentar DevOps em escala. Segundo dados recentes do relatório State of DevOps, menos de 10% das empresas operam em níveis de elite em termos de entrega contínua. O restante ainda convive com:

  • Deploys manuais que levam horas (ou dias);
  • Bugs em produção que causam medo;
  • Ausência de rastreabilidade entre código, requisitos e incidentes;
  • Falta de métricas confiáveis sobre desempenho.

Isso acontece porque não existe uma fundação bem construída. É preciso um elo entre cultura, fluxo e tecnologia.

É importante lembrar que DevOps não se trata de uma única iniciativa. É uma jornada contínua, que exige visão sistêmica e fundação sólida, como mostra o modelo abaixo:

Os cinco estágios da Engenharia de Plataforma

Baseando-se em modelos como o do puppet.com e experiências reais com clientes, a jornada de implantação da Engenharia de Plataforma pode ser dividida em cinco estágios:

1. Construção da fundação

Nesta etapa, o foco é mapear processos, identificar gargalos e estruturar os fluxos de valor. Isso envolve:

  • Levantar métricas como lead time, tempo de retrabalho e taxa de falhas;
  • Analisar os principais pontos de dor e estresse na entrega;
  • Mapear dependências entre times e sistemas;
  • Iniciar uma cultura de visibilidade e escuta ativa;

Um exemplo prático: em um cliente que atendemos, ao mensurar o tempo das tarefas em espera, descobrimos que o gargalo não estava na execução em si, mas na espera por aprovação. Esse dado mostrou um ponto crítico invisível no fluxo e evitou que a automação fosse direcionada para o lugar errado. Sem identificar esse problema, automatizar seria um “tiro no escuro”.

“Você não pode automatizar o que você não entende.” — Analia Irigoyen, Diretora Executiva da Promove

2. Normalização 

Essa fase busca trazer consistência aos fluxos e práticas. Aqui, já começamos a sentir melhora: menos erros, mais previsibilidade, menos atritos entre times.

  • Definir workflows padrão para integração, entrega e testes;
  • Consolidar práticas de versionamento, como uso de pull requests;
  • Começar a padronizar a nomenclatura de branches, tipos de merge e critérios de aprovação.

Avançamos agora para:

  • Criar templates de ambientes com configurações seguras por padrão;
  • Criar modelos de pipelines reutilizáveis;
  • Adotar nomenclaturas claras para ambientes, serviços e componentes.

Em um caso real, apenas a padronização da estratégia de branching e das regras de revisão de código reduziu o tempo médio de deploy de 30 dias para apenas 10. Encontrar erros antes do cliente ou das fases finais de entrega garantem um tempo de entrega menor.

3. Expansão

Neste ponto, a Engenharia de Plataforma já começa a ser escalada:

  • Os templates passam a ser utilizados por múltiplos times;
  • Times ganham autonomia para provisionar seus próprios ambientes com segurança e governança;
  • São criadas plataformas internas de self-service.

Um dos maiores ganhos nessa fase é a qualidade de vida. Os times param de depender de “heróis”, os deploys deixam de ser traumáticos e os ambientes passam a ser mais padronizados e confiáveis.

4. Automação com segurança e confiança

  • Pipelines seguras, rápidas e auditáveis;
  • Estratégias de rollback e rastreabilidade ponta a ponta;
  • Segurança embutida no fluxo, por exemplo, bloqueio de comandos perigosos como sudo (SuperUser DO ou superusuário);
  • Entregas frequentes com risco controlado.

Por exemplo, em um de nossos clientes, o tempo médio de deploy que antes levava mais de uma hora, com alto risco de falhas de segurança, passou a levar 5 minutos, com controle total de rastreabilidade, segurança e rollback.

5. Cultura e jornada

  • Clareza de propósito: por que estamos automatizando?
  • Espaço para erro e aprendizado;
  • Escuta ativa entre desenvolvimento, operações, negócio e segurança;
  • Reforço contínuo das boas práticas;
  • Acompanhamento próximo da adoção pelos times.

E sim, leva tempo. Em média, uma organização pode levar mais de cinco anos para a plataforma alcançar performance organizacional robusta. Trocar ferramentas não resolve. É preciso estruturar a base.

E sabendo disso, uma organização troca de ferramentas constantemente, mas às vezes o problema não é a ferramenta, certo? É necessário parar, analisar e entender o que está sendo feito de forma insuficiente ou desalinhada. Por isso, a Engenharia de Plataforma deve ser encarada como uma jornada, e não como um projeto.

Casos reais que demonstram ganhos

Case 1: Plataforma + Conformidade SOX

  • Exigência: rastreabilidade, controle de acesso, segurança;
  • Solução: pipelines com validação de comandos, templates seguros, gestão de acesso por papel;
  • Resultado: deploys rápidos e seguros, tranquilidade nas auditorias e muito menos estresse.

Case 2: Cultura ágil + DevOps

  • Problema: bugs em produção, falta de visibilidade, entregas atrasadas;
  • Ação: foco em qualidade nos módulos com mais manutenção, testes automatizados seletivos, revisão de código nas major versions;
  • Resultado: deploy caiu de 30 para 10 dias; desenvolvimento de 15 para 5 dias; e o tempo médio de tarefas em andamento (Aging WIP) de 60 para 7 dias.

“Não precisa consertar tudo. Comece com o novo. Coloque qualidade no sangue, aos poucos.”  — Analia Irigoyen, Diretora Executiva da Promove

Modelos de referência

Fazemos questão de resgatar boas práticas de modelos como CMMI, Disciplined Agile (DA) e ISO 9001. Eles não se resumem em documentação. Esses modelos devem ser um exemplo do que precisa existir, adaptá-lo às carências da sua organização é o ponto-chave para saber o que se deve fazer. A base para isso é:

  • Estratégia de integração de produto;
  • Definição de solução técnica;
  • Verificação e validação;
  • Gerência de configuração;
  • Gestão de mudanças.

E sim, tudo isso pode (e deve) ser automatizado. Com rastreabilidade. Com logs. Com pipelines.

Os papéis essenciais

Baseando-se também no Disciplined Agile Delivery (PMI), podemos ver a importância de papéis como (https://www.pmi.org/disciplined-agile/lifecycle/): 

  • Líder técnico: para sustentar decisões arquiteturais;
  • Integrador: constrói pontes entre times, plataformas e disciplinas;
  • Especialistas de domínio e técnicos: garantem coerência entre negócio e tecnologia;
  • POs e líderes de time: promovem valor e melhoria contínua.

Organizações não devem terceirizar toda a responsabilidade da plataforma. Elas devem compartilhar uma noção do que está sendo realizado, participando ativamente das decisões e construções ao longo da jornada.

Conclusão: Engenharia é a base da transformação

Engenharia de Plataforma é DevOps, é o que conecta seus princípios: agilidade e segurança, cultura e automação. É uma construção paciente, fundamentada, feita com tentativa, erro, aprendizado e persistência.

Se você busca entregas frequentes, seguras e sustentáveis, o caminho começa na base. “A fundação vem antes da automação. DevOps sem engenharia é só esperança.”  — Analia Irigoyen, Diretora Executiva da Promove

Se quiser se aprofundar mais no assunto, assista abaixo o webinar apresentado por Analia Irigoyen:

https://www.youtube.com/watch?v=yo5SMOLQS44

Nossa equipe está pronta para apoiar a melhoria da produtividade das equipes, a segurança dos processos e a qualidade das entregas da sua empresa.

Vamos conversar? Entre em contato.

Promove

A Promove é reconhecida por ter consultores de referência no Brasil e no mundo. Oferecemos serviços especializados de consultoria para fábricas de software, com foco na Implementação de Cultura Ágil, conformidade com normas ISO, LGPD, e modelos de qualidade CMMI e MPS.

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